A linha da frente somos todos nós

Raúl de Sousa, Perito da Comissão Europeia – Painel de Dispositivos Médicos para a Área da Oftalmologia

Sim, não são só os profissionais de saúde que tanto lutam pela vida de tantos doentes, nem são só todos os que asseguram serviços e bens essenciais que permitem que se mantenham as condições mínimas para a existência de uma sociedade minimamente coesa e Estado.

Não interpretem mal. O valor destes é tal que deve ser tomado exatamente como é: a última linha de defesa. São o nosso último recurso, a última linha de defesa para a qual recuam os mais atingidos entre todos os que lutam e desafiam o inimigo, todos os dias a toda a hora. É aqui que encontramos a confiança e coragem para avançar para a linha da frente, lutar contra a investida do vírus e o enorme impacto de uma pandemia.

Sejamos absolutamente claros. A linha da frente é constituída por toda e qualquer pessoa deste país. Pelas pessoas que enfrentam o vírus no seu dia-a-dia, olhos nos olhos, em casa, na escola, no trabalho e nos momentos de lazer. São estes os primeiros a cair na guerra, são os primeiros a ser vencidos pelo inimigo.

Tal como em qualquer exército, a vida de todos depende da capacidade de cada um dos seus soldados em se proteger, em proteger os que estão ao seu lado e os que encontra no seu trajeto de vida. Tal como num exército, o soldado comum encontra a sua força numa atuação coordenada e na utilidade da sua aparente pequena, mas muito relevante, tarefa atribuída.

A linha da frente somos todos nós! Com as nossas máscaras, desinfetante, distância física e regras de proteção. É esta a muralha que sustém as investidas de um vírus que não descansa, não dorme, nem se entorpece. Diligentemente, examina a muralha e testa a sua resistência e resiliência. De forma brutal e encarniçada. Ou subtil e disfarçada.

As falhas da muralha que somos todos nós, serão medidas em perdas de vidas, complicações de saúde, em índices económicos e pobreza, em isolamento e abandono social.

Este vírus contagia-nos pelas vias respiratórias. Mas sabe que nos infeta pelo nosso egoísmo, egocentrismo, arrogância, sentimento de invulnerabilidade e estupidez. Sem dúvida que tem sido um inimigo eficaz a capitalizar os nossos pontos fracos. Um inimigo a não desconsiderar ou desvalorizar.

Mas que o SARS-CoV-2 fique a saber. Nós, os humanos, iremos ganhar! Somos muitos e temos os nossos trunfos. A nossa vitória é inevitável!

Resta saber quantos mais de nós ficarão pelo caminho. Dependerá do gesto mais simples de cada um de nós e da nossa coordenação como um todo. O número final de mortes será uma amarga vitória da nossa capacidade coletiva ou um gigantesco e negro monumento à nossa arrogância e egocentrismo.

Cerrem as fileiras, mas mantenham a distância física, usem a máscara, desinfetem as mãos e cumpram as regras. Sem exceções. Vemo-nos na linha da frente!