AS NECESSIDADES DA SAÚDE DA VISÃO EM PORTUGAL E NO MUNDO
Numa sociedade global, fortemente assente no sentido da visão, qualquer condição que resulte numa redução de forma temporária ou permanente da visão pode provocar danos irreversíveis no desenvolvimento do indivíduo. Na infância, a visão é fundamental para o processo educacional, para o desenvolvimento das habilidades sociais e para a participação em atividades desportivas. Já na vida adulta, contribuiu para a construção de uma vida profissional, conseguindo obter benefícios económicos e impulsionar a construção da própria identidade.
Estima-se que globalmente 2,2 mil milhões de pessoas sofram de deficiência visual, das quais, pelo menos mil milhões poderiam ser evitadas. A prevenção do aparecimento de formas graves de doenças oculares, resultaria numa maior produtividade, num aumento do bem-estar da população e numa redução dos custos em tratamentos das formas mais graves de doença. A falta de acesso aos cuidados de saúde da visão é uma das principais causas das elevadas prevalências de deficiência visual evitável.
Estima-se que globalmente existam mil milhões de pessoas com deficiência visual evitável e desses, 949.7 milhões por erros refrativos não tratados (incluindo presbiopia), 65.2 milhões por cataratas, 6.9 milhões por glaucoma, 4.2 milhões por opacidades da córnea e 3 milhões por retinopatia diabética.
Na realidade Portuguesa estima-se que 4 milhões de pessoas sofram de problemas visuais, e desses, cerca de 28.3% são erros refrativos; estima-se ainda que existam cerca de 85 mil casos de degeneração macular relacionada com a idade. Um estudo de mercado de 2019 aponta para 5 milhões e 766 mil portugueses usam óculos graduados, ou seja, 2 em cada 3 portugueses.
Em 2022, um estudo de meta-análise aponta entre 2 a 5 milhões de portugueses sofrendo de erro refrativo, no que se considera uma estimativa conservadora. Ainda assim, esta prevalência coloca o erro refrativo como entre as condições de saúde que maior peso coloca no sistema de saúde português.
Se associada a uma tendência de envelhecimento da população, em Portugal e no mundo, não houver um correspondente aumento do acesso aos cuidados de saúde da visão, haverá um aumento substancial no número de pessoas com deficiência visual e cegueira.
A OMS admite, que apesar dos progressos significativos, a aceitação da Optometria como profissão e a sua integração nas estratégias de prevenção de deficiência visual e cegueira evitável, continua a ser um problema em muitos países, como é exemplo, Portugal.
Fontes:
Vera Lúcia Alves Carneiro, José Manuel González-Méijome. 2022, «Prevalence of refractive error in Portugal – A systematic review and meta-analysis», Journal of Optometry, 2022
https://doi.org/10.1016/j.optom.2022.07.003
World Health Organization. Regional Office for South-East Asia. 2022. Monitoring Progress and Acceleration Plan for NCDs, Including Oral Health and Integrated Eye Care, in the WHO South-East Asia Region. New Delhi: World Health Organization. Regional Office for South-East Asia. https://apps.who.int/iris/handle/10665/361247 (19 de outubro de 2022).
Barros, Daniela Borlido. 2013. «Estudo epidemiológico das ametropias em Portugal II». masterThesis. http://repositorium.sdum.uminho.pt/ (19 de outubro de 2022).
Carvalho, Ana Sofia Barbosa de. 2013. «Prevalência dos erros refrativos em Portugal usando informação proveniente da venda de receituário». masterThesis. http://repositorium.sdum.uminho.pt/ (19 de outubro de 2022).
Pan, Chen-Wei, Dharani Ramamurthy, e Seang-Mei Saw. 2012. «Worldwide Prevalence and Risk Factors for Myopia». Ophthalmic and Physiological Optics 32(1): 3–16.
SofiaSantos. 2018. «Envelhecimento populacional faz disparar doenças oculares associadas à idade». Atlas da Saúde. https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/envelhecimento-populacional-faz-disparar-doencas-oculares-associadas-idade (19 de outubro de 2022).
Aumenta número de portugueses com óculos graduados : Notícia – Grupo Marktest – Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media